sábado, 25 de setembro de 2010

Poemas que nos tocam...

Há uma música do povo,
Nem sei dizer se é um fado
Que ouvindo-a há um ritmo novo
No ser que tenho guardado...
Ouvindo-a sou quem seria
Se desejar fosse ser...
É uma simples melodia
Das que se aprendem a viver...

E ouço-a embalado e sozinho...
É isso mesmo que eu quis ...
Perdi a fé e o caminho...
Quem não fui é que é feliz.

Mas é tão consoladora
A vaga e triste canção ...
Que a minha alma já não chora
Nem eu tenho coração ...

Sou uma emoção estrangeira,
Um erro de sonho ido...
Canto de qualquer maneira
E acabo com um sentido!

Fernando Pessoa

domingo, 11 de julho de 2010

Saudades da infância... Saudades da Matilde Rosa Araújo

"Joaninha voa, voa
Capa de negras pintinhas,
Capa vermelha, tão leve…
Voa, voa, Joaninha,
Minha redonda menina
Vida tão linda, tão breve"

Matilde Rosa Araújo, 2006

domingo, 9 de maio de 2010


Onde o céu toca o mar...la nesse lugar mágico onde toda a historia pode ser reescrita!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Que divino!!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Mensagem

Li e quis assinar por baixo! Foi isso que senti ao ler este pequena mensagem de alguém que tão simplesmente assina O.A. Transcrevo aqui

MENSAGEM:
Olho pela janela do meu
quarto e deixo-me ir ao
sabor dos meus travessos
pensamentos… o sol espreita
timidamente e ilumina até o
recanto mais sombrio deste
espaço onde me encontro!
Continuo à janela… lá fora
o dia está lindo e os meus
pensamentos rodopiam sem
parar… interrogam-se…
tentam encontrar respostas, mas acima de
tudo… ACEITAM!
A vida é um ténue fio que nos liga a
este Mundo! A qualquer momento pode
quebrar-se… como tal, é preciso
aprendermos a manter ligado esse fio! Mas
como?
A própria vida nos ensina! Ela, é a
melhor “escola” que podemos encontrar!
Por isso, hoje apetece-me dizer ao
Mundo:
É urgente vivermos a vida e não
deixarmos que ela viva por nós! Podemos
começar tão simplesmente, por aprender a
desfrutar das “pequenas coisas”, deixando
para trás a azáfama doida e alucinante das
sociedades actuais que se apoderam
impiedosamente de nós!
É urgente quebrar as amarras que nos
ligam aos usufrutos ilusórios da sociedade
light em que vivemos!
Sim…
Dizer não à sociedade de consumo
onde prevalece o consumo pelo consumo e
não o consumo pela necessidade!
É urgente abandonar preconceitos,
estereótipos e aprendermos a ser… apenas
nós!
Livres nos nossos actos e pensamentos,
respeitando a liberdade dos outros!
Amorosos e sensatos nos nossos
gestos!
Autênticos e coerentes nas nossas
atitudes e comportamentos!
Alegres e puros em cada instante que
passa!
Enfim...
É tão somente preciso, não
esquecermos a “criança” que há em nós!
Já se aperceberam de como uma
criança é feliz se tiver amor? Basta isso! O
resto… o resto vem naturalmente…
Ela brinca apreciando as coisas mais
simples… é espontânea, autêntica,
cristalina e alegre no seu VIVER!
Então… Por que esperamos?
Saibamos todos nós amar a “criança”
que habita o nosso Ser momento a
momento!
Saibamos todos nós ser felizes com as
coisas mais simples que nos rodeiam!
É urgente “instalarmos “ em nós um
estado de Serenidade e Paz Interior que
perdure!
É urgente dar outro sentido à palavra
tempo!!!
Já repararam nas vezes sem conta que
todos dizemos “não tenho tempo para…”
E assim vamos vivendo - ou sobrevivendo
- como “escravos” de algo que o próprio
Homem criou – o tempo! E para quê? Em
função de quê? Será que vale a pena?
Creio convictamente que não!!!
Um último alerta:
É urgente olharmos a Vida e VÊ-LA…
como algo belo, doce e único! Algo que
tem de ser VIVIDA com paz, alegria e
amor!
Que o vosso coração acolha com
sabedoria esta mensagem!

O.A.

sábado, 20 de março de 2010

sexta-feira, 5 de março de 2010

William... inspirador!!!

Meus olhos vêem melhor se os vou fechando.
Viram coisas de dia e foi em vão,
mas quando durmo, em sonhos te fitando,
são escura luz que luz na escuridão.
Tu cuja sombra faz a sombra clara,
como em forma de sombras assombravas
ledo o claro dia em luz mais rara,
se em sombra a olhos sem visão brilhavas!
Que benção a meus olhos fora feita
vendo-te à viva luz do dia bem,
se a tua sombra em trevas imperfeita
a olhos sem visão no sono vem!
Vejo os dias quais noites não te vendo,
e as noites dias claros sonhos tendo.

William Shakespeare, in "Sonetos (43)"

Comparar-te a um dia de verão?
Há mais ternura em ti, ainda assim:
um maio em flor às mãos do furacão,
o foral do verão que chega ao fim.
Por vezes brilha ardendo o olhar do céu;
outras, desfaz-se a compleição doirada,
perde beleza a beleza; e o que perdeu
vai no acaso, na natureza, em nada.
Mas juro-te que o teu humano verão
será eterno; sempre crescerás
indiferente ao tempo na canção;
e, na canção sem morte, viverás:
Porque o mundo, que vê e que respira,
te verá respirar na minha lira.

William Shakespeare, in "Sonetos"
Tradução de Carlos de Oliveira

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Não digas o nome porque o não tem. Não procures a razão porque a não há. São momentos inexplicáveis de uma certa beatitude ou de uma certa melancolia ou afundamento, que é mais forte. São momentos que nos aparecem e em que nos sentimos em paz desbordante, um bem-estar da alma em que há um sorriso a querer sorrir por dentro e a imaginarmos por fora, mas ninguém o vê. Não é alegria, que faz muito barulho. Não é entusiasmo excitado, que ainda mais. É um abandono feliz de nós, uma serenidade que nos aproxima da verdade simples de o mundo existir e em que mesmo a morte não nos pode perturbar. Isso nos acontece em certas horas do dia que reflexamente nos evoca outros dias e horas de um tempo muito antigo em que fomos felizes à memória que os alcança. Ou podemos estar sucumbidos também sem razão, ou uma razão tão submersa que a não sabemos. Um certo cair da noite, uma grande distância de uma erma planura ou do mar donde alguém que não vemos nos faz sinais que não entendemos, um cão que ladra longe, um canto de alegria algures que se calou, a memória de nada em frente do lume do fogão, são entre outros, motivos de uma fractura dentro de nós, da quebra da nossa inteireza que nos faz ser tudo do que é em nós, uma razão bastante para aí nos afundarmos em melancolia como uma melancolia perdida.

Vergílio Ferreira in Escrever

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Viagem

Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.


Miguel Torga

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Uma nova volta ao sol...

Um novo ano, uma nova vida! Uma nova vida, uma nova esperança! Que os erros do passado sejam não mais que isso: erros do passado! E um novo renascer do sol nos dê a força para ir mais longe... Afinal realizar os nossos sonhos está também nas nossas mãos!

Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos,
quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor
ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is"
em detrimento de um redemoinho de emoções
justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos
dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se
da sua má sorte ou da chuva incessante.

Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.

Pablo Neruda